TEMPESTADE DE AREIA

E mais um dia se passa, o tempo no Deserto escoa e mal chega o dia e a noite não tarda.
A fria noite no Deserto, o céu transparente de constelações nos lembra as estórias que nosso povo canta de lá, e a saudade por vezes se faz sentida.
Magos e magas, das estrelas somos os filhos, vindos de outras constelações, longa tem sido a espera.
Os cavalos estão inquietos, como se previssem uma tempestade de areia que se aproxima sabem se proteger e já se preparam pra ela .
Colocamos as vendas nos cavalos e reforçamos os laços que os prendem, o mesmo fazemos a nossas tendas, caso venha, a tempestade nos encontrará em segurança , haverá calor.
Já se sente o forte vento, sentir a confiança desses Homens, sua destreza, me acalma a alma, se agasalham e nos protegem com seus movimentos nos passam segurança.
Forte povo, perto do oásis estamos , há água para darmos de beber as nossas crianças, não nos faltará alimento, a fogueira já acesa, cansados, mas mesmo assim se permitem relaxar, sabem como lidar com tempestades, tomo água do poço, é fresca , observo os camelos, a natureza neles nos ensina .
Volto à tenda, sinto fome e logo o sono chegará, me sirvo de leite, e pão, e o alimento me sabe a paz.
Me aconchego nos finos tapetes coloridos, nas leves almofadas, sinto o cheiro de almíscar, deslizo as mãos pelos belos véus , senti- los é...Não há como explicar o que é tocar um fino brocado,a maciez do veludo, a textura da fina gaze, dos véus, o aroma dos finos incensos, a maciez de uma pele, como explicar, o que só o tato saberia explicar? Melhor não desperdiçar palavras, tentando explicar o não explicável...
E já quase o sono me leva quando escuto algo lá fora, o som de vários cavalos a chegarem, ouço as vozes, há alvoroço, um dos Homens entra na tenda, saio com ele, vejo vários Homens montados em seus brancos cavalos, não os reconheço, dizem trazer notícias, parecem ansiosos, desmontam e seus brancos cavalos aconchegamos aos nossos.
Peço que lhes alimentem e que venham à minha tenda para que possamos conversar, há muito não recebemos notícias.
Na tenda me oferecem jóias, pérolas, rubis esmeraldas, é lindo o seu colorido. sirvo-lhes o quente vinho que espuma em suas taças.
- E que nos contem as notícias que trazem de lá, que correm e que fazem seus corações vibrarem e suas vozes saírem tão altas e cheias de força.
E falam, falam e ao falarem algo em mim se enche de alegria,há verdade em suas palavras.... e dos meus olhos as lágrimas tiram a aridez.
Sinto no ar a alegria e a esperança... É o esperar.
A Estrela anunciou e novamente anunciará.
Há muito o que comemorar, sinto nova a vida em nossos corações. Ver e sentir a alegria no semblante desses Homens é algo que me deixa encantada, extasiada.
Sentir-lhes a felicidade é muito bom.
Homens que poucos motivos têm para o sorriso, escondem atrás de sua força a dor e muitas vezes na aparente aridez está a criança há muito, muito tempo escondida, camuflada, como se tivessem que proteger algo dentro deles muito valioso, para assim conseguirem atravessar tão dura e longa jornada.
Homens no Deserto.
Fortes Homens....
Como é bom sentir qualquer movimento de felicidade vindo deles...
Meu Povo hoje dormirá feliz, o quente vinho e a quente esperança hoje os acalentará e suas mulheres sentirão efeito do vinho e do quente fogo de seus Homens na areia do Deserto e no calor dos seus corpos.
Emanam felicidade e compartilham.
Isso agora é maior que o que se pode dizer em palavras.
Se sente paz e esperança no ar árido do deserto.....
E os cavalos brancos e negros, belos e fortes cavalos descansam juntos.
Talvez a tempestade nem aconteça.
Tempestade de areia no deserto.